domingo, 9 de maio de 2010

UM BELO HINO



Hoje trago para todos este belo hino de São Simeão, o Novo teólogo (949 – 1022), monge da Igreja oriental.

Vê, ó Cristo, a minha angústia,
vê a minha pouca coragem,
vê como me faltam as forças,
vê também a minha pobreza,
vê a minha fraqueza
e tem piedade de mim, ó Verbo!

Brilha agora sobre mim, como outrora,
e esclarece a minha alma, ilumina os meus olhos
para que te vejam, ó luz do mundo (Jo 8,12),
tu que és a alegria, a felicidade,
a vida eterna,
as delícias dos anjos,
tu que és o Reino dos céus
e o Paraíso,
a coroa dos justos,
o seu Juiz e o seu Rei.

Por que escondes o teu rosto?
Por que te afastas de mim,
tu, que és o meu Deus
e que nunca te queres afastar
dos que te amam?
Por que foges de mim, por que me queimas,
Por que me feres e ma esmagas?
Tu sabes que te amo
e te busco com toda a minha alma.
Revela-te, como prometeste…

Abre-me de par em par
a sala do banquete, meu Deus;
sim, não feches a porta
da tua luz, ó meu Cristo!

«Será que imaginas, ó filho dos homens,
que me podes forçar com as tuas palavras?
Que dizes tu, insensato?
Que eu escondo o meu rosto?
Será que desconfias, um pouco que seja,
que eu te ia fechar as portas e os batentes?
Será que suspeitas
que alguma vez me afaste de ti?
Que dizes tu?

Que eu te inflamo, te queimo, te esmago?
Verdadeiramente, as tuas palavras não são justas
e justo também não é o teu pensamento.
Escuta antes as palavras
que agora te vou dizer:

Eu era luz, mesmo antes de ter criado
todas as coisas que tu vês.
Estou em toda a parte, estava em toda a parte,
e, como fiz toda a criatura,
estou em toda a parte e em tudo…

Considera os meus benefícios,
observa os meus desígnios,
aprende quais são os meus dons!
Manifestei-me ao mundo
e manifestei o meu Pai,
derramei em abundância
o meu santíssimo Espírito
sobre todo o ser vivo, sem exceção.
Revelei o meu nome
a todos os homens
e disse-lhes, pelas minhas obras,
que eu sou o criador,
que sou o autor do mundo.
Mostrei-o e mostro agora
tudo o que era preciso fazer.»

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